quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Em apoio a Liesa, escolas ameaçam não desfilar ano que vem

Rio de Janeiro sem desfile de Carnaval ano que vem? É o que pode acontecer caso a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) não vença a licitação lançada ontem pela Riotur para escolher a empresa que fará a montagem de toda a estrutura do espetáculo no Sambódromo nos próximos quatro anos. Representantes das escolas de samba do Grupo Especial já assinaram documento aberto em que declaram apoio total à Liga para organizar o desfile e a infraestrutura da Marquês de Sapucaí. E vão além: ameaçam não entrar na Passarela do Samba se a Liesa não estiver à frente do show.O presidente da Mocidade de Padre Miguel, Paulo Vianna, foi radical. Para ele, "não há possibilidade de a Liesa perder a licitação. "Assinamos documento de apoio à Liesa e posso dizer que as escolas não desfilarão caso a Liga não continue como detentora do Carnaval", ameaça abertamente. Presidente da Mangueira, Ivo Meirelles engrossa o coro. "Todas as escolas estão fechadas com a Liesa".A vencedora da licitação será responsável pela organização dos desfiles de sexta a terça-feira de Carnaval e o das Campeãs. Isso inclui os espetáculos feitos pelas escolas de samba mirins e as dos Grupos de Acesso A e Acesso B. A ganhadora terá que administrar desde a venda dos ingressos à alimentação e limpeza da Sapucaí, além do sistema de som, que no desfile deste ano deixou a desejar.O secretário municipal de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello, admite que o preço do ingresso não será menor do que o deste ano e pode até ficar mais caro em 2010.O diretor jurídico da Liesa, Nelson de Almeida, afirma que a associação é única com experiência suficiente para vencer."Nossa organização é de excelência e, sem a Liesa, não existe Carnaval". Jorge Castanheira, presidente da Liga, está viajando. "Estamos tranquilos porque vamos cumprir todos os itens. Respeitamos a decisão da prefeitura, mas vamos continuar fazendo o Carnaval que sempre fizemos. Nossas contas são transparentes", completa Almeida.O prefeito Eduardo Paes decidiu abrir licitação para organizar o desfile da Sapucaí depois que o resultado de 2007 foi posto sob suspeita de manipulação pela Polícia Federal. Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi aberta na Câmara de Vereadores para investigar, mas nada ficou comprovado.De 1995 a 2008, durante toda a Era Cesar Maia (mais o Carnaval de 2009), a Liga foi responsável por praticamente toda a organização. Mesmo que perca a licitação, a Liesa ainda terá sob sua responsabilidade a parte artística do desfile do Grupo Especial, e um contrato será assinado entre prefeitura e Liesa. "A licitação traz mais transparência", explica Antonio Pedro.Reunião na Liga para discutir a novidadeAssim como a Mocidade e a Mangueira, a Vila Isabel, a Porto da Pedra e a Portela também defendem a permanência da Liga à frente de toda a organização do espetáculo da Marquês de Sapucaí. As escolas e a Liga fazem hoje uma reunião para discutir o assunto. "O prefeito está certo em abrir licitação. Mas seria mais viável se as mudanças fossem para 2011. As escolas já estão na confecção de protótipos. Teríamos a mesma tranquilidade com outra empresa no comando? O espetáculo é soberano e não pode perder credibilidade", pondera Wilson Alves, o Moisés, presidente da Vila."Antes, o Carnaval era extremamente desorganizado, por isso há um temor com qualquer tipo de mudança", completa Ivo Meirelles, da Mangueira. O presidente da Porto da Pedra, Uberlan de Oliveira, faz coro. "Apoiamos a Liesa de forma incondicional". Segundo Nilo Figueiredo, da Portela, o edital será analisado hoje.Contrato poderá ser prorrogado por 3 anosO edital de licitação estabelece percentuais para distribuição da receita da venda de ingressos: 53% vão para as escolas de samba, 10% de direitos autorais e, no mínimo, 7% para a prefeitura. O ganho do município poderá aumentar conforme as propostas das empresas que disputarem a licitação.O contrato entre a Riotur e a vencedora refere-se ao Carnaval de 2010, mas poderá renovado por mais três anos, caso haja interesse da prefeitura.No julgamento das propostas serão levados em conta quesitos técnicos e preço, este com menos peso do que o primeiro. A empresa deverá apresentar projeto de iluminação, segurança e montagem de camarotes, entre outros.

Fonte: galeriadosamba.com.br/Por:Fábio Silva

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