O nosso blog se solidariza com o site "GALERIA DO SAMBA"

No mês de abril de 2008, entrou no ar uma das seções mais bem sucedidas do site Galeria do Samba, o FONOGRAMAS. A seção, que não tem qualquer fim comercial ou financeiro, destina-se apenas a divulgar e preservar sambas concorrentes de todas as escolas do Rio de Janeiro.
Desde sua estréia, a seção FONOGRAMAS tornou-se um enorme sucesso, com a participação e a visitação cotidiana de um grande número de visitantes, aí incluídos inúmeros compositores das obras divulgadas, que rapidamente habituaram-se a ceder suas obras para divulgação através do site. Em pouco mais de 18 meses no ar, os sambas concorrentes enviados para divulgação tiveram mais de 930.000 acessos.
Na última quinta-feira, dia 20 de outubro, a GALERIA DO SAMBA recebeu notificação do ECAD - Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - sobre a necessidade de recolhimento dos valores referentes aos direitos autorais sobre a reprodução das obras armazenadas na seção FONOGRAMAS. Segundo informação de representante do ECAD, o processo de cobrança foi iniciado pela denúncia recebida de UM, apenas um, compositor, detentor dos direitos autorais de obra divulgada.

Com o objetivo de resguardar o site GALERIA DO SAMBA e preservar os direitos dos compositores, a divulgação dos sambas concorrentes está suspensa até que seja possível estabelecer as condições legais para a divulgação de arquivos de áudios na seção FONOGRAMAS.

Lamentamos que a iniciativa, sem qualquer interesse comercial, não seja compreendida por todos. Nosso objetivo é apenas proporcionar um canal, gratuito, para que os próprios compositores divulguem suas obras, normalmente conhecidas apenas pela comunidade de suas escolas de samba. Obras que, na maioria absoluta dos casos, serão definitivamente esquecidas ao final do processo de seleção do samba-enredo.

Lamentamos que a iniciativa esteja provisoriamente inviabilizada pela ação de uma única pessoa.

Perde a Galeria do Samba, com a paralisação de uma de suas mais festejadas seções; perdem os compositores, com menos um espaço para a divulgação de seus sambas concorrentes; perdem os visitantes, sem acesso a belos e significativos sambas de enredo.

Perdem todos, enfim.



... E nós não fomos convidados


No próximo mês de junho, a GALERIA DO SAMBA comemora nove anos de existência na grande rede. Depois de um começo despretensioso, como quase toda a Internet na época, o que era apenas lazer e informalidade, virou trabalho sério. Um compromisso. Compromisso "alimentado" pelo envolvimento, a cada dia maior, dos nossos colaboradores; pelo reconhecimento, cada vez mais significativo, das escolas de samba e dos sambistas; pelo feedback cotidiano de nossos visitantes. Foram mais de 1.500.000 visitantes, em 2008.
Somente nos últimos onze meses, desde as cinzas do carnaval 2008, publicamos quase 2.000 notícias sobre as escolas de samba de todos os grupos. Nossos visitantes tiveram acesso a mais de 600 galerias de fotos de eventos promovidos pelas escolas de samba. Quase 10.000 registros. Na seção FONOGRAMAS, destinada a divulgar e preservar sambas concorrentes, recebemos, com a colaboração dos visitantes, muitos deles os próprios compositores, mais de 400 sambas concorrentes para o carnaval 2009. Além disso, passamos a contar com dois espaços de opinião, o BOI COM ABÓBORA e a CAMA DE GATO, que ganharam respeito e lugar cativo nas rodas de conversa entre sambistas.
O surgimento dos sites especializados em carnaval, das listas de discussão e comunidades virtuais, preencheu uma grande lacuna. Num passado recente, ao fim de cada período carnavalesco, e durante a maior parte do ano, era inútil a busca por notícias e novidades sobre as escolas de samba. Hoje, as notícias são entregues, diariamente, desde as primeiras "mudanças de camisa", passando pela definição dos enredos, escolhas de samba e todos os preparativos para os desfiles. A GALERIA DO SAMBA teve e tem participação efetiva nessa mudança, inaugurou o processo que abraçou o carnaval como onda.
As próprias escolas de samba e suas Ligas entenderam a importância da espécie de "nova opinião pública carnavalesca" e, hoje, através de assessorias de imprensa mais bem estruturadas, têm os sites como fundamental canal de divulgação. Nada disso, entretanto, foi suficiente para alterar uma situação que impede nosso trabalho na Marquês de Sapucaí, durante os dias de folia. Uma contradição injustificável. Ora, como nos anos passados, no carnaval 2009, os sites especializados em carnaval estarão limitados à concentração da Marquês de Sapucaí.
Para que o leitor compreenda melhor, o credenciamento cedido aos sites, pela Comissão de Credenciamento, integrada por Riotur e LIESA, permite o acesso ao Sambódromo por intermédio dos portões da concentração, os mesmos pelos quais entram os componentes das escolas, e a circulação APENAS até a curva da avenida de desfiles. Além deste espaço, também é liberada a praça de alimentação e a sempre lotada sala de imprensa. Mas pára por aí. Nem um mísero metro de pista. Nenhuma foto. Declaração de algum carnavalesco ao final do desfile? Esqueça. Perceber a reação do público à passagem de cada escola, impossível.
O motivo, ao que se sabe, é uma cláusula do contrato entre a LIESA e a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão dos desfiles no Sambódromo, que garantiria também exclusividade na cobertura dos desfiles, via internet.
Fato é que por mais paradoxal que pareça, não é tão difícil conseguir uma credencial adequada. Qualquer jornal local desse país, de pequena tiragem, que deseje cobrir o carnaval, tem grande chance de conseguir. Natural e parte integrante do princípio de livre imprensa, claro. Mas esta é tarefa ainda mais fácil para rainhas, modelos, atores, atrizes, frutas de todas as estações, políticos e afins. Acompanhados de seus consortes e assessores, todos devidamente credenciados, desfilam sua graça pela pista de desfiles. Mas só no domingo e na segunda. Afinal, os outros dias dão pouco "ibope". Dois pesos, duas medidas.
Resta esperar. Esperar pelo fim da folia, quando o trabalho cotidiano dos sites especializados readquire sua importância e visibilidade. Esperar pelo bom senso dos gestores do carnaval carioca, públicos e privados. Esperar e torcer para que a nova mídia carnavalesca, representada pelos sites especializados, não se perca na insensibilidade de alguns poucos. É hora da união de jornalistas e órgãos de imprensa em prol de cobrança por direitos e respeito. Sim, infelizmente, não se têm respeitado, na hora H do espocar dos fogos, aqueles que são vitais, durante os 11 meses de luzes apagadas.

Enquanto isso, haja persistência... E paciência, muita paciência.