quarta-feira, 9 de junho de 2010

Enredo do Império da Tijuca será sobre o carnaval


"O Mundo em Carnaval - Um olhar sobre a Cultura dos Povos". Este é o título do enredo que a Império da Tijuca levará para a Avenida em 2011. Lançado ontem à noite, com uma grande festa e coquetel no Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca, ele foi ilustrado por uma exposição com o mesmo nome e prestigiada pela presença de autoridades diplomáticas. Discretamente em meio aos muitos convidados estava o professor e escritor Julio Cesar Farias, um dos responsáveis pela pesquisa do tema junto ao carnavalesco Severo Luzardo - com quem inclusive assinou a sinopse -, sob a supervisão do também professor Felipe Ferreira. "Buscamos informações em livros, sites, visitamos alguns consulados e lugares, a fim de fazermos um recorte para mostrar, em forma de fantasias e alegorias, o Carnaval nos cinco continentes", disse ele, que declarou ainda ter se impressionado com o trabalho artesanal dos grupos papangus, da cidade de Bezerros, e dos maracatus rurais, de Nazaré da Mata, ambas em Pernambuco. Dario Veiga, secretário de Turismo e Cultura de Nazaré da Mata, não só explicou o porquê da exuberância do Carnaval de seu município como contou um pouco a respeito da origem da folia no local. "As roupas são verdadeiras obras-de-arte bordadas por trabalhadores rurais, gente analfabeta, mas muito habilidosa. Por isso, a Império da Tijuca terá uma ala que representará o maracatu rural. Nossa proposta é formar cinco grupos que produzam 100 fantasias, o equivalente a cerca de R$ 100 mil. O maracatu representa o estado de Pernambuco como um todo, mas sua origem está mesmo na Zona da Mata, na éoca da escravidão. Enquanto os senhores de engenho se divertiam com suas ricas festas na Casa Grande, os escravos brincavam o maracatu _ informou ele, que destacou algumas curiosidades. _ Há uma série de questões místicas que o envolvem. O desfilante (caboclo de lança ou baiana) não pode beber nada alcoólico - exceto o azougue, uma mistura de pólvora com álcool -, não pode ter relação sexual uma semana antes do desfile nem uma semana depois e a mulher menstruada não pode participar, pois diz a crença que não dá sorte",contou.Mas Pernambuco também será lembrado através dos grupos de papangus de Bezerros, conforme comunicou a secretária de Turismo Valquíria Lizandra, que esteve acompanhada pelo artista plástico Robeval Lima. "No Domingo de Carnaval, os papangus, agitados pelo frevo, reúnem mais de 300 mil pessoas. Nos demais dias, eles visitam as casas de amigos para comer o angu preparado por eles. Por isso, são chamados papangus. E também surgiram na escravatura. Os escravos se mascaravam para que pudessem visitar as casas dos senhores de engenho", explicou a secretária, que disse que a proposta do carnavalesco é criar uma alegoria e uma ala de papangus. _ A prefeita Bete Lima está muito entusiasmada com a parceria. Dessa forma, todas as fantasias e máscaras serão confeccionadas em Bezerros e doadas pela prefeitura.O Carnaval dos hermanos ganhará destaque igual. José Luis Doldán, assessor comercial do Consulado do Uruguai no Rio de Janeiro, lembrou que seu país tem o mais longo Carnaval do mundo, com 40 dias, e uma variedade de manifestações que justificam o interesse da Império da Tijuca. "Temos as murgas, bem teatrais, de figurino marcante e músicas com mensagens políticas; o Teatro de Verano, onde se encontram as muitas manifestações; os grupos lubolos, que tocam música candombe, com a mesma origem do Candomblé, porém sem mensagens religiosas, apenas de cunho social; o Tablado, que é um teatro montado na rua só por ocasião do Carnaval; uma série de encenações; e até escolas de samba, apesar de pequenas _ contou ele, que lembrou algumas semelhanças com o carnaval carioca. _ Assim como aqui há o casal de mestre-sala e porta-bandeira, lá temos um casal formado pela mama vieja e pelo gran millero. Existe também uma rainha, como não? Mas, a princípio, a ideia é sermos representados por uma ala de murgas. Já entre os países da América Central, destaque para a República Dominicana, do vice-cônsul Dr. Enriquillo Clime Rivera, que aposta na afinidade entre os povos. "Os dominicanos e os brasileiros são muito parecidos no modo de viver a vida, no que comem, na cultura, na música, na alegria, só muda o tempero. Ao invés de escolas de samba, temos as cuadras que animam as ruas todos os domingos de fevereiro ao som de merengue. Além disso, os diavo cojuelos, como chamamos os desfilantes, se fantasiam, colocam máscaras e dão boladas naqueles que não ficam nas calçadas, ou melhor, que vão para o meio da rua justamente para entrar no espírito da brincadeira. Após o intercâmbio de informações entre os convidados, eles foram para o auditório onde o carnavalesco Severo Luzardo deu uma rápida explicação sobre o enredo. "Contaremos um pouco do que pesquisamos sobre o Carnaval pelo mundo, a manifestação de cada povo, seus dias inebriantes, universos calientes, crioulos, de inverno. As folias momescas brasileiras encerrarão o desfile. Fomos além dos carnavais midiáticos, pois queremos mostrar as muitas manifestações costuradas pelo inconsciente coletivo. Teremos 22 alas, ou melhor, 22 grandes carnavais. A exposição que vocês curtiram hoje aqui é só uma pequena amostra do que será nosso desfile.Severo fez muitos agradecimentos, bem como o presidente Antonio Marcos Teles, o querido Tê. Em seguida, a bateria de Mestre Capoeira comandou o show com baianas, passistas, a rainha de bateria Laynara Teles e o intérprete Pixulé, empolgando a plateia na qual estavam a coreógrafa Renata Monnier, os diretores de Carnaval e Harmonia, respectivamente, Sérgio Costa e Nando, a primeira-dama Cristina Teles e membros da velha e da ala de compositores.

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